Você sabe como os Prebióticos ajudam a controlar os níveis de lipídios e glicose?

Os prebióticos são substâncias que, quando ingeridas, estimulam o crescimento de micro-organismos benéficos ao organismo e trazem vantagens ao indivíduo (BINDELS, 2015). Além de melhorar a absorção de nutrientes e manter a saúde intestinal, os prebióticos podem ainda controlar os níveis de lipídios e glicose no sangue. Continue lendo e saiba mais!

HIPERLIPIDEMIA

A chamada hiperlipidemia é quando os níveis de lipídios no sangue apresentam-se elevados, assim como colesterol e triglicerídeos (NATH, 2018). Você já deve ter ouvido falar que existe o colesterol “bom” (HDL) e o “mau” (LDL). O HDL está associado à remoção do excesso de colesterol do sangue e relacionado ao menor risco de doenças cardiovasculares (ANANDHARAJ, 2014). Já, o LDL carrega o colesterol até as células do corpo e está relacionado à um maior risco de doenças cardiovasculares, já que o excesso de colesterol e gordura podem se depositar nas artérias. Segundo a Organização Mundial da Saúde (2003), o excesso de consumo de sal, alimentos gordurosos ricos em açúcar, assim como os carboidratos simples, aumentam o risco de doenças cardiovasculares.
Conforme Anandharaj (2014), indivíduos com hiperlipidemia apresentam risco três vezes maior de sofrer um ataque cardíaco do que pessoas saudáveis. Os fatores de risco para a hiperlipidemia incluem idade avançada, sexo (geralmente homens sofrem mais com doenças coronarianas e mulheres na menopausa), histórico familiar, diabetes tipo 2, peso elevado ou obesidade, hipertensão, apneia do sono, estresse, tabagismo, consumo de álcool, dieta e sedentarismo (CLAYTON, 2013).Também, o crescimento excessivo de alguns micro-organismos da microbiota intestinal (como Eggerthella, Akkermansia, Christensenella, Tenericutes) parecem estar correlacionados, sendo também um fator de risco (TANG, 2017).

E os prebióticos?

Os prebióticos à base de lactose (ex.: galacto-oligossacarídeos, lactitol, tagatose, lactulose, ácido lactobiônico) e sua interação com a microbiota intestinal podem controlar o nível lipídico no sangue – de acordo com dados publicados na revista Journal of Nutrition (2006). Para Nath (2018), esse controle é feito através de mecanismos como a supressão da expressão de genes lipogênicos (genes relacionados à formação de lipídios), ligação do colesterol às paredes celulares dos probióticos, assim como a absorção do colesterol pelas bactérias, as quais o convertem em coprostanol (substância que dá odor às fezes), sendo eliminado na defecação. Para isso, a associação de algumas bactérias intestinais como Bacteroides, Bifidobacterium, Clostridia, Lactobacillus, Listeria, Pseudomonas, são importantes para as reações bioquímicas envolvidas nesses mecanismos (GERARD, 2014).
O estudo de Causey (2000) avaliou adultos com hiperlipidemia durante 3 semanas de suplementação com inulina (20 g/dia) e observou redução significativa da taxa de triglicerideos.  Além disso, revisão de Bessera (2015) relata que os prebióticos foram capazes de reduzir os níveis de colesterol, LDL e aumentar o HDL de adultos com sobrepeso. Dados publicados na revista European Journal of Nutrition (2008), indicaram a redução do colesterol total (22,2%), triglicerídeos (23,4%) e aumento do HDL (35,9%) de adultos saudáveis suplementados com inulina por 8 semanas.

HIPERGLICEMIA

A hiperglicemia é definida como elevação dos níveis de glicose sanguínea que, conforme o Ministério da Saúde (2013), é considerada diabetes quando a glicemia em jejum for >126 mg/dL e glicemia casual >200 mg/dL. Dentre os diferentes tipos de diabetes (diabetes tipo 1, tipo 2, gestacional) a diabetes tipo 2 é a mais comum e pode resultar em doenças cardiovasculares, retinopatia, neuropatia, danos auditivos, danos na pele, úlceras e até gangrena – segundo dados publicados na revista Journal of Diabetes Research (2016).
Além disso, a microbiota intestinal parece ter correlação com diabetes: Na tipo 2 é vista a redução de Roseburia, Faecalibacteria, Clostridiae Eubacteria e um aumento de patógenos como Bacteroides e Clostridia (VAMANU, 2016).  Já a diabetes tipo 1 está associada à redução de Firmicutes, Lactobacillus, Bifidobacteria, Eubactériase Prevotellae e a um aumento de Bacteroidetes, Clostridia patogênica e Veillonella (HE, 2015).

E os prebióticos?

Conforme Nath (2018), os prebióticos à base de lactose podem reduzir os níveis de glicose no sangue (hiperglicemia) através de mecanismos como controle da síntese e das atividades dos hormônios intestinais, alteração do metabolismo da glicose, controle da gliconeogênese e controle da síntese de citocinas pró-inflamatórias. Além disso, a simbiose entre prebióticos à base de lactose com probióticos pode reduzir o nível de glicose plasmática, vista alterar a assimilação e o metabolismo da glicose, reduzir a inflamação e o estresse oxidativo.
Estudo publicado na revista Diabetes & metabolism journal (2013) analisou mulheres diabéticas que receberam prebiótico inulina 10 g/dia ao longo de dois meses. Segundo os autores, houve redução significativa na glicose plasmática em jejum (8,47%) e hemoglobina glicada (10,43%) em comparação ao controle. Esses dados evidenciam o potencial efeito da suplementação de inulina para o controle glicêmico sanguíneo destes pacientes. Uma revisão envolvendo 26 ensaios clínicos randomizados e 831 participantes indicou que a suplementação prebiótica de inulina/oligofrutose reduziu significativamente as concentrações de glicose pós-prandial e aumentou a sensação de saciedade em adultos saudáveis (KELLOW, 2014).
Sendo assim, os prebióticos apresentam potencial na regulação e equilíbrio dos níveis adequados de glicose e colesterol no sangue. Mas lembre-se: Sempre consulte um médico ou nutricionista antes de iniciar qualquer tipo de suplementação para receber as orientações corretas para o seu caso.

Gostou do post? Quer saber mais? Clique aqui. Quer conhecer os produtos da Megalabs? Clique aqui.

ver Referências

ANANDHARAJ, M. et al. Effects of Probiotics, Prebiotics, and Synbiotics on Hypercholesterolemia: A Review. Chin. J. Biol., p.1–7. 2014.
BINDELS L.B et al. Towards a more comprehensive concept for prebiotics. Nat Rev Gastroenterol Hepatol, v.12, n.5, p.303–10, 2015.
CLAYTON, D.; Woo, V.; Yale, J.F. Hypoglycemia. Can. J. Diabetesv.37, S69–S71, 2013.
GÉRARD, P. Metabolism of Cholesterol and Bile Acids by the Gut Microbiota. Pathogensv.3, p. 14–24.2014.
GUESS N.D. et al. A randomized controlled trial: the effect of inulin on weight management and ectopic fat in subjects with prediabetes. Nutrition & Metabolism v. 12, n.36, 2015.
HE, C. et al. Targeting gut microbiota as a possible therapy for diabetes. Nutr. Res.v.35, p.361–367.2015.
LYE, H.S. et al.Removal of Cholesterol by Lactobacilli via Incorporation of and Conversion to Coprostanol.J. Dairy Sci.v.93, p. 1383–1392.2010.
MODANESI P.V.G. et al. Efeitos do uso de probióticos na hipercolesterolemia. Rev Pesq Saúde, v.17, n.1, p. 47-50, 2016.
NATH A. et al. Biological Activities of Lactose-Based Prebiotics and Symbiosis with Probiotics on Controlling Osteoporosis, Blood-Lipid and Glucose Levels. Medicina (Kaunas).v.54,n.6, 2018.
NICOLUCCI A.C. et al. Prebiotics Reduce Body Fat and Alter Intestinal Microbiota in Children Who Are Overweight or With Obesity. Gastroenterology,v. 153, p. 711–722, 2017.
Organização Mundial da Saúde (OMS/WHO). Diet, Nutrition and Prevention of Chronic Diseases; Report of a Joint WHO/FAO Expert Consultation; WHO: Geneva, Switzerland, 2003.
PAPATHEODOROU, K. et al. Complications of Diabetes 2016. J. Diabetes Res., 2016.
PEREIRA, D.I et al. Effects of Consumption of Probiotics and Prebiotics on Serum Lipid Levels in Humans. Crit. Rev. Biochem. Mol. Biol.v.37, p.259–281.2002.
SLAVIN J. Fiber and Prebiotics: Mechanisms and Health Benefits. Nutrients, v.5, n.4, p. 1417-1435, 2013.
TANG, W.H. et al. Gut Microbiota in Cardiovascular Health and Disease. Circ. Res.v.120, p. 1183–1196.2017.
VAMANU, E. et al. Comparative Fingerprinting of the Human Microbiota in Diabetes and Cardiovascular Disease. J. Med. Food, v.19, p. 1188–1195.2016.
VOGT J.A. et al. L-rhamnose and lactulose decrease serum triacylglycerols and their rates of synthesis, but do not affect serum cholesterol concentrations in men. J. Nutr.v.136, p. 2160–2166, 2006.
BESERRA B.T et al. A systematic review and meta-analysis of the prebiotics and synbiotics effects on glycaemia, insulin concentrations and lipid parameters in adult patients with overweight or obesity. Clin Nutr. v.34, n.5, p.845–58. 2015.
POURGHASSEM G. et al. Effects of high performance inulin supplementation on glycemic control and antioxidant status in women with type 2 diabetes. Diabetes Metab J. v.37, n.2, p.140–8, 2013.
KELLOW N.J et al. Metabolic benefits of dietary prebiotics in human subjects: A systematic review of randomised controlled trials. Br J Nutr. v.111, n.7, p.1147–61. 2014.
RUSSO F et al. Inulin-enriched pasta affects lipid profile and Lp(a) concentrations in Italian young healthy male volunteers. Eur J Nutr v.47, p. 453–459. 2008.
Ministério da Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica : diabetes mellitus/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 160 p.