A importância dos probióticos na prevenção de doenças alérgicas como asma
Nosso intestino é repleto de micro-organismos que, quando em equilíbrio, atuam de forma benéfica ao organismo. Isso mesmo, as bactérias que compõem a microbiota intestinal podem ser aliadas na manutenção da boa saúde e reduzir o risco de alergias e até mesmo asma! Continue lendo o post e conheça os diversos efeitos positivos da microbiota intestinal para sua saúde!
Probióticos e microbiota: o que são?
A chamada microbiota, se refere à população de micro-organismos presentes no corpo do indivíduo. Estima-se que trilhões de micro-organismos convivem em simbiose no corpo humano, participando de processos essenciais à saúde, conforme revisão publicada na revista Cell Host and Microbe (2018). Os probióticos são micro-organismos que, quando ingeridos, trazem benefícios ao indivíduo como o equilíbrio da microbiota intestinal, a melhora da absorção de nutrientes e o fortalecimento do sistema imunológico. Alguns exemplos de gêneros de micro-organismos que apresentam linhagens probióticas incluem: Bifidobacterium, Saccharomyces, Lactobacillus e Bacillus. Quando ocorre desequilíbrio dessas populações bacterianas benéficas, desordens de origem inflamatória podem surgir e até mesmo resultar em doenças como asma e alergias, segundo Hand (2016).
Qual a influência da microbiota em alergias?
As interações entre as bactérias presentes no nosso organismo é um dos fatores que permitem a maturação normal do sistema imunológico, conforme Logan (2016). Estudos de Tulic (2011) indicam que esses micro-organismos são fatores chave para maturação e função das células T (importantes no sistema de defesa do organismo). Conforme dados publicados na revista Clinical and Experimental Allergy (2014), a exposição microbiana pré-natal também pode ter efeito protetor à doenças alérgicas. Além disso, segundo os autores, crianças nascidas em famílias de zona rural apresentam maior diversidade da microbiota e, portanto, menor risco de desenvolvimento de doenças alérgicas na infância.
Algumas linhagens de probióticos podem atuar na resposta imunológica e até na prevenção de doenças respiratórias. Pesquisa publicada em Current Allergy Asthma Reports (2016) atribui o aumento da incidência de várias doenças relacionadas à microbiota devido à mudança no estilo de vida – o que acaba desregulando o efeito benéfico e protetivo das bactérias sobre o organismo. Confira abaixo qual a relação da microbiota com o risco aumentado de asma.
Probióticos e asma
Conforme Sharma (2018) existem diversas associações entre a composição da microbiota gastrointestinal e a ocorrência de asma. Por exemplo, o estudo de Chen (2010) envolveu crianças asmáticas tratadas por 8 semanas com probiótico Lactobacilllus gasseri e evidenciou redução significativa dos sintomas da doença, assim como melhora da função pulmonar dos pacientes. Além disso, evidências de bebês nascidos por cesariana apresentaram microbiota com elevado número de bactérias Staphylococcus e Streptococcus em comparação à microbiota materna, podendo este fato estar associado a um maior risco de alergias e asma (KRISTENSEN, 2016). Conforme Dominguez (2016), a transferência de micro-organismos vaginais maternos no nascimento por parto normal pode atenuar esses efeitos e reduzir o risco de doenças alérgicas. As propriedades probióticas do leite materno também foram atribuídas como fator preventivo de asma em crianças (MOOSSAVI, 2018).
Fujimura (2016), associou o baixo número de certas bactérias intestinais (Bifidobacterium e Faecalibacterium) ao maior risco de desenvolvimento de asma em recém-nascidos. Além disso, experiência com camundongos “germ free” (isentos de micro-organismos em seu intestino), demonstrou que a inoculação de bactérias Veillonella, Faecalibacterium e Rothia protegeram contra a inflamação das vias aéreas e asma, em comparação aos animais que não receberam essas bactérias (ARRIETA, 2015).
Conforme Ranucci (2017), a baixa diversidade microbiana do intestino no primeiro mês de vida de um indivíduo está relacionada com a ocorrência de asma. Além disso, o uso precoce de antibióticos aumenta o risco desta doença, devido ao comprometimento do equilíbrio da microbiota intestinal (DHARMAGE, 2015).
Como manter uma microbiota saudável?
A dieta é a principal responsável pela composição da microbiota, ou seja, da população de bactérias presentes no corpo humano. É através de alimentos como vegetais, gordura animal, carnes, fibras e até mesmo em alimentos industrializados que a microbiota vai sendo formada (DE FILIPPO, 2017). Estudo italiano publicado na revista Frontiers in Microbiology (2017), analisou a relação entre a dieta e a microbiota de crianças de áreas rural e urbana sugerindo forte influência da alimentação sobre a microbiota. Segundo os autores, crianças da zona urbana apresentaram bactérias capazes de metabolizar proteína animal, gordura e açúcares, enquanto as crianças da área rural tinham bactérias mais adaptadas à fibras e fermentação de carboidratos vegetais. Sendo assim, os alimentos que ingerimos têm efeito direto sobre a formação da nossa microbiota e saúde intestinal.
É fato que a alimentação saudável interfere diretamente na composição da microbiota de cada indivíduo, permitindo o equilíbrio da saúde intestinal e prevenindo o aparecimento de doenças. Além do estilo de vida, estratégias como a suplementação com probióticos pode ser empregada para estimular a microbiota gastrointestinal e beneficiar a saúde. Mas lembre-se de sempre consultar um médico ou nutricionista para saber qual melhor opção para seu caso!
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ver Referências
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