A higiene adequada das mãos pode prevenir infecções virais

O ato de lavar as mãos é uma prática simples, de baixo custo e segura. Quando executada de forma adequada, traz benefícios à saúde como a prevenção de infecções e até mesmo doenças provocadas por micro-organismos. Mas você sabia que esta é uma ferramenta eficaz não apenas contra bactérias, mas também contra vírus? Continue lendo e saiba mais.

Prevenção está em nossas mãos

As mãos são consideradas a principal forma de disseminação de infecções, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Com isso, a lavagem das mãos é a melhor forma de prevenir e reduzir o risco destas infecções, conforme a Organização Mundial da Saúde. Neste sentido, o uso de água e sabão é indicado para a higienização e assepsia (remoção dos micro-organismos) após o contato entre pessoas e/ou ambientes (OFOLABI, et al., 2016). Quando não disponível água corrente, pode-se fazer uso de outros métodos de assepsia (como uso do álcool em gel 70%). Embora muito útil, o álcool gel, se aplicado às mãos com maiores sujidades, pode não ser tão eficiente sendo, portanto, a lavagem das mãos sempre de primeira escolha!

Dentre as possíveis infecções resultantes da falta de higiene das mãos tem-se Candida spp (fungo causador da candidíase), Staphylococcus aureus (bactéria causadora de sepse: infecção generalizada), Escherichia coli (bactéria causadora de diarreia e cistite: infecção no trato urinário), conforme Mathur (2011). Muitas destas doenças podem ser prevenidas através da prática regular de lavar as mãos com água e sabão após usar o banheiro ou antes das refeições, por exemplo (OFOLABI, et al., 2016). Tal prática de higiene é eficaz na redução de doenças gastrointestinais e respiratórias (ZIVICH et al., 2018), assim como na prevenção da transmissão de patógenos associados à assistência bacteriana em ambiente hospitalar (ALLEGRANZI et al., 2009).

Prevenindo a infecção viral 

Embora a vacinação da gripe seja a principal medida na prevenção de infecções sazonais pelo vírus influenza (FIORI et al., 2010), outras medidas de controle são necessárias, como a higiene das mãos. Neste sentido, a higiene apropriada das mãos é recomendada para reduzir o risco de infecção e transmissão de vírus (como influenza) tanto nos serviços de saúde, como na comunidade (MONCION et a., 2019). Esse tipo de intervenção chamado “não farmacológico”, é atraente pois permite ser aplicado tanto em regiões mais privilegiadas ou menos, dado seu baixo custo (WONG et al., 2014). 

Os vírus, como o da gripe, se espalham entre os indivíduos através da inalação de gotículas pelo trato respiratório ou através das mucosas (boca, olho, nariz, genitálias). Tendo em vista que esse contágio se dá pelo contato direto com as mãos ou objetos contaminados, a higiene regular é de extrema importância na saúde pública (BRANKSTON et al., 2007). Neste cenário, outra vantagem da boa higiene na prevenção de influenza, está a redução da taxa de pico onda epidêmica assim como o número de casos ao mesmo tempo –  proporcionando benefícios significativos e menor demanda por serviços de saúde, conforme Bootsma (2007). 

O que dizem os estudos

Intervenções não farmacêuticas, incluindo higiene e distanciamento social, são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para impedir a propagação da gripe (BELL et al., 2006). Neste sentido, estudos demonstram que tal prática de higiene das mãos foi capaz de reduzir a infecção por influenza.  

Por exemplo, estudo de Liu (2016), observou que indivíduos que realizavam lavagem efetiva das mãos apresentaram efeito protetor superior contra a gripe (97%) em comparação com aqueles de pior lavagem de mãos (74%) – recomendando fortemente essa intervenção não farmacêuticas contra a gripe.

Um estudo espanhol de Godoy (2012) constatou que a lavagem das mãos após o contato com superfícies potencialmente contaminadas teve efeito protetor contra influenza H1N1. Os pesquisadores observaram que o efeito protetor foi proporcional à frequência diária de lavagem das mãos pelos participantes: a proteção foi maior em pessoas que lavaram de 5 a 10 vezes em comparação com àquelas que realizavam higienização 1 a 4 vezes ao dia. Com base nestes dados, os autores sugerem a lavagem de, no mínimo 5 vezes ao dia (se possível, mais de 10 vezes) como profilaxia de infecção com vírus da gripe e suas consequentes hospitalizações. 

Como higienizar da forma correta?

A higienização correta das mãos tem como objetivo a remoção de sujidades e interromper a transmissão de infecções a partir do contato direto ou transmissões cruzadas (ANVISA, 2007). Confira os passos de como ter uma lavagem das mãos mais eficiente (que deve durar de 40 – 60 segundos), segundo o Manual de Higienização das Mãos ANVISA:

  1. Abrir a torneira e molhar as mãos (evitando encostar-se a pia);
  2. Ensaboar as palmas das mãos, friccionando-as entre si;
  3. Esfregar a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda entrelaçando os dedos e vice-versa. 
  4. Entrelaçar os dedos e friccionar os espaços entre eles;
  5. Esfregar o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, segurando os dedos, com movimento de vai-e-vem e vice-versa;
  6. Esfregar o polegar direito, com o auxílio da palma da mão esquerda com movimentos circulares e vice-versa;
  7. Friccionar as polpas digitais e unhas da mão esquerda contra a palma da mão direita, fechada em forma de concha, fazendo movimentos circulares e vice-versa;
  8. Esfregar o punho esquerdo, com o auxílio da palma da mão direita, utilizando movimento circular e vice-versa;
  9. Enxaguar as mãos, removendo os resíduos de sabonete. Evitar contato direto das mãos ensaboadas com a torneira;
  10. Secar as mãos com papel toalha descartável, iniciando pelas mãos e seguindo pelos punhos. No caso de torneiras com contato manual para fechamento, sempre utilize papel toalha para fechar a torneira. 

 
Cultive o hábito importante de higienizar as mãos ao menos 5 vezes ao dia. Esta prática simples e muito eficaz, ajuda a prevenir várias doenças e proteger você e sua família de vírus como da gripe (e agora também coronavírus).

 

Gostou do artigo? Quer conhecer o sabonete antisséptico da MegaLabs? Clique aqui. 

ver Referências

ALLEGRANZI B. et al. Role of hand hygiene in healthcare-associated infection prevention. J Hosp Infect. v.73, n.4, p.305-15.2009. 
ANVISA, BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Higienização das Mãos em Serviços de Saúde. Brasília, 2007. 
ANVISA, Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Higienização das Mãos / Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2009. 
BELL D. Non-pharmaceutical interventions for pandemic influenza, national and community measures.
BOOTSMA M.C.J. The effect of public health measures on the 1918 influenza pandemic in US cities. Proc. Natl. Acad. Sci., v.104, p. 7588, 2007.
BRANKSTON G. Transmission of influenza A in human beings. Lancet Infect Dis. v.7, n.4,p.257-65.2007.
GODOY P. Effectiveness of hand hygiene and provision of information in preventing influenza cases requiring hospitalization. Prev Med. v.54, n.6434-9. 2012.
LIU M. Protective Effect of Hand-Washing and Good Hygienic Habits Against Seasonal Influenza: A Case-Control Study. Medicine (Baltimore). v.95, n.11, p.3046. 2016.
MATHUR P. et al. Hand hygiene: back to the basics of infec on control. Indian J Med Res v.134, p. 611-620. 2011.
MONCION K. et al.Effectiveness of hand hygiene practices in preventing influenza virus infection in the community setting: A systematic review. Can Commun Dis Rep. v. 45, n.1, p.12–23.2019. 
OFOLABI O.O. et al. A Study to Ascertain the Prac ce of Hand Hygiene among Medical Students in Commonwealth of Dominica. Archives of Medicine. v.8, n.5, p. 7. 2016. 
OMS, 2005. Diretrizes da OMS sobre Higienização das Mãos na Assistência à Saúde. Disponível em: <https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/diretrize-as-omshigienizacaomaos-versaoprelim-avancada>
World Health Organization Writing Group., Emerg Infect Dis. v.12, n.1, p.88-94. 2006.
ZIVICH P.N et al. Effect of hand hygiene on infectious diseases in the office workplace: A systematic review. Am J Infect Control. v.46, n.4, p. 448-455. 2018.