Folatos e a Saúde Muscular: qual a relação?
Os folatos (vitamina B9), desempenham funções importantes no organismo e sua deficiência pode acarretar em anemia, defeitos congênitos, fraqueza muscular e até mesmo dificuldade de caminhar (HWANG, 2019). Mas você sabia que os folatos podem ter efeito positivo sobre a saúde muscular? Continue lendo o post e saiba mais!
Deficiência de folatos
Os folatos participam de várias reações essenciais como a síntese e replicação do DNA e a produção de aminoácidos. Sua deficiência pode resultar em problemas de saúde como defeitos do tubo neural em recém-nascidos, doenças cardíacas congênitas, osteoporose e até câncer (HWANG, 2019). Por isso, é de grande importância manter os níveis adequados desse nutriente para evitar o aparecimento destas doenças. A deficiência de folato é mais comum em mulheres grávidas (quando a necessidade da vitamina aumenta), assim como em crianças e idosos – conforme Clarke (2004). Dentre as principais causas desta deficiência estão a dieta pobre em vegetais e legumes, o excesso do consumo de bebidas alcoólicas, doença celíaca, defeitos genéticos e o tabagismo (OKUMURA, 2011).
Folatos e o músculo
Os folatos desempenham papel importante no organismo, ao passo que participam da multiplicação celular, crescimento de cabelos e unhas e até mesmo no desenvolvimento de células musculares. O tecido muscular esquelético é composto por células ditas “indiferenciadas” (que ainda não assumiram uma forma de tecido específico). Estas células ficam em repouso abaixo da membrana basal e compõem as célula-tronco que serão usadas para miogênese (formação do tecido muscular) – conforme Hwang (2019). Após uma lesão no músculo, essas células são ativadas e iniciam o mecanismo de diferenciação miogênica, necessitando de vitamina B9 para este processo. Todavia, com o passar da idade, pode ocorrer a sarcopenia, uma perda degenerativa de massa muscular associada ao envelhecimento (PHILLIPS, 2015).
Sarcopenia
A sarcopenia se refere à perda involuntária de massa muscular esquelética e da força, sendo associada ao processo normal de envelhecimento (MARTHY, 2017). Dados publicados na revista Advances in Nutrition (2015) mostram que após os 50 anos de idade a perda de massa muscular pode alcançar o percentual de 1% ao ano. Além disso, é caracterizada por atrofia muscular (diminuição do tamanho do músculo), a qual pode ocorrer em condições normais relacionadas com o envelhecimento ou condições patológicas como miopatia (doenças musculares) e obesidade, segundo Tedesco (2010). Atrofia muscular esquelética e a sarcopenia podem levar à redução da qualidade de vida, o que representa um grande problema de saúde pública em vários países.
Borg (2016) observou o menor consumo de vitamina B6 e ácido fólico e o elevado nível de homocisteína em idosos com sarcopenia em relação ao grupo controle. Conforme o autor, as vitaminas B6, B12 e B9 (folato) são cofatores do metabolismo da homocisteína e as deficiências dessas vitaminas podem resultar em níveis elevados deste aminoácido (considerado tóxico para nossa saúde). Sendo assim, defende-se a hipótese de que os níveis mais elevados de homocisteína (devido a deficiência, principalmente, de folatos), podem aumentar o estresse oxidativo e a degradação muscular, impactando negativamente na força muscular em adultos de idade avançada (KUO, 2007).
Redução da força muscular
Estudo de Wee (2016) demonstrou que os níveis de folato estão correlacionados com a redução da força nas pernas em idosos com diabetes mellitus (especialmente mulheres). O estudo foi conduzido com 56 pacientes idosos (acima de 65 anos), diabéticos e com histórico de quedas, sendo que 20% apresentaram deficiência de ácido fólico e 43% de vitamina B12. Com isso, os autores sugerem que a deficiência de folatos pode predispor a quedas e fraqueza muscular nos idosos.
Também, a deficiência de folato foi associada à redução da força muscular em pesquisa com ratos idosos – conforme Van Dijk (2018). Segundo o autor, a reduzida ingestão de micronutrientes como o folato diminuiu a capacidade de geração de força, resistência a fadiga, bem como a atividade física foi prejudicada nesses animais. Os pesquisadores observaram que a capacidade oxidativa ficou reduzida devido à deficiência de folato, vitaminas A, E, B6, B12, zinco e selênio e impactou negativamente na saúde muscular – resultando no aumento da fadiga pós-exercício.
Dados publicados na revista American Journal of Clinical Nutrition (2012), verificaram que a redução de folato pode estar relacionada a menor função física e motora em idosos. Conforme os autores, o folato (assim como a vitamina B12) está envolvido em reações de metilação no sistema nervoso central que são necessárias para a produção de neurotransmissores. Portanto, a deficiência de folato pode influenciar nos processos fisiológicos dos sistemas neuromuscular e motor, que são responsáveis pelo equilíbrio e estabilidade postural (NG, 2014).
Benefícios da suplementação consciente
O ácido fólico é naturalmente encontrado em verduras e legumes como espinafre, brócolis, feijão, assim como carne de fígado (ZAGO, 2013). Porém, quando a ingestão através da dieta não supre as necessidades diárias, a suplementação pode ser uma alternativa.
Portanto, é muito importante manter os níveis ideais de ácido fólico no nosso organismo para evitar doenças e manter a saúde muscular. Mas lembre-se: Sempre consulte seu médico ou nutricionista antes de iniciar qualquer tipo de suplementação!
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ver Referências
ANVISA, Governo Federal, Brasil. “REGULAMENTO TÉCNICO SOBRE A INGESTÃO DIÁRIA RECOMENDADA (IDR) DE PROTEÍNA, VITAMINAS E MINERAIS”. 2005. Resolução RDC nº 269, de 22 de setembro de 2005.
BORG S. et al. Differences in Nutrient Intake and Biochemical Nutrient Status Between Sarcopenic and Nonsarcopenic Older Adults—Results From the Maastricht Sarcopenia Study. J Am Med Dir Assoc. v.17, n. 5, p.393–401, 2016.
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