Obesidade Infantil: como estão nossas crianças?
A obesidade está entre os principais problemas de saúde pública em todo o mundo. Nas últimas três décadas o mundo vem passando por uma enorme transição, saindo de uma situação de subnutrição para uma condição de sobrepeso e obesidade, especialmente entre os países de baixo e médio desenvolvimento, segundo Greydanus e colaboradores (2018). Neste contexto, observa-se o crescimento alarmante da obesidade infantil, afetando milhões de crianças. Mas qual a situação do Brasil neste cenário? Continue lendo o post e confira!
O que é?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a obesidade como “um acúmulo anormal ou excessivo de gordura e que apresenta risco à saúde”. Diversos fatores contribuem para o desenvolvimento da obesidade infantil como, por exemplo:
- genéticos: mutação em receptores (melanocortina 4 e leptina) e síndromes (ex.: Prader-Willi);
- ambientais: alterações emocionais, depressão, estresse crônico que levam à desregulação do apetite e ao ganho de peso;
- metabólicos: hipotireoidismo, deficiência do hormônio do crescimento, pseudo-hipoparatireoidismo, bem como o excesso glicocorticoides;
- alimentares: aumento do consumo de alimentos calóricos e com alto índice glicêmico (lanches, doces, fast-foods, refrigerantes e sucos de frutas adicionados de açúcares);
- sedentarismo: diminuição da prática regular de exercícios físicos.
Prevalência
O sobrepeso é a condição crônica mais comum na infância de acordo com dados publicados na revista Childhood Obesity (2018). Informações recentes da OMS indicam que mais de 41 milhões de crianças com menos de 5 anos estavam com sobrepeso ou obesas em 2016 no mundo. Além disso, o número de crianças e adolescentes obesos em idade escolar aumentou cerca de 10 vezes nos últimos 40 anos (subiu de 11 milhões para 124 milhões em 2016).
A Grande prevalência da obesidade infantil é observada em países em desenvolvimento, embora a incidência também seja crescente em países desenvolvidos, segundo Sahoo (2015). Conforme Hales (2017), uma em cada cinco crianças ou jovens em idade escolar estão obesas nos Estados Unidos.
Cabe destacar que a chance de uma criança obesa tornar-se um adulto obeso é de 69% a 83% (dependendo da idade), segundo Relly (2003). Ou seja, crianças obesas se tornarão adultos obesos e carregarão todos os problemas de saúde relacionados a este problema.
E no Brasil?
No Brasil, o cenário da obesidade infantil não é diferente. Embora nas últimas duas décadas o governo brasileiro tenha adotado políticas públicas para promover a alimentação saudável no combate à obesidade infantil, os índices ainda são altos. Além disso, a obesidade é a terceira condição mais dispendiosa do mundo e, no Brasil, os custos atribuídos às patologias relacionadas à obesidade alcançam bilhões de reais por ano (cerca de 2,4% do Produto Interno Bruto- PIB).
O estudo realizado entre 2008-2009 pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde (IBGE, 2010a), mostra que cerca de 34,8% dos meninos e 32% das meninas, entre 5 a 9 anos, estão com sobrepeso e cerca de 16,6% dos meninos e 11,8% das meninas estão obesos. Esse estudo demonstra que estes percentuais mais do que dobraram entre 1975 e 2009 (em alguns casos aumentaram mais de 4 vezes), totalizando cerca de 7,1 milhões de crianças (IBGE, 2010b). Se nada for feito, estima-se que até 2025 o Brasil terá 11,3 milhões de crianças obesas, segundo o alerta da Federação Mundial de Obesidade (WORLD OBESITY FEDERATION, 2016).
Huang (2011) discorre que dados como esses são alarmantes, vista crianças e adolescentes serem mais vulneráveis aos efeitos cardiometabólicos deletérios associados à obesidade, como diabetes mellitus tipo II, dislipidemias e hipertensão arterial.
Como evitar?
A prevenção da obesidade infantil deve englobar mudanças nos hábitos das crianças, assim como a conscientização dos familiares e da escola. Todos estes fatores desempenham um papel fundamental para ajudar as crianças a alcançarem e manterem um peso saudável para sua idade, segundo CDC (EUA).
Diversos estudos recentes tem demonstrado a influência da microbiota intestinal na composição corporal (BOUTAGY et al., 2016; TUOMI et al., 2016; NICOLUCCI et al., 2017). Logo, uma dieta rica em fibras pode auxiliar na modulação da microbiota intestinal e, consequentemente, alterar uma serie de parâmetros ligados à obesidade, conforme Nicolucci (2017).
Consulte sempre seu médico ou nutricionista antes de iniciar qualquer tratamento ou suplementação.
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ver Referências
BOUTAGY, N. E. et al. Metabolic endotoxemia with obesity: is it real and is it relevant? Biochimie, v. 124, p. 11-20, 2016.
GREYDANUS, D. E. et al. Pediatric obesity: current concepts. Disease-a-Month, v. 64, n. 4, p. 98-156, 2018.
HALES C.M et al.. Prevalence of obesity among adults and youth: United States, 2015–2016. NCHS Data Brief., v.;288, p.1–8. 2017
KUMAR et al. Review of Childhood Obesity: From Epidemiology, Etiology, and Comorbidities to Clinical Assessment and Treatment. Mayo Clin Proc. v. 92, n.2, p.251-265.2017.
NICOLUCCI, A. C. et al. Prebiotics reduce body fat and alter intestinal microbiota in children who are overweight or with obesity, v. 153, p. 711-722, 2017.
REILLY, J. J. et al. Health consequences of obesity. Arch. Dis. Child., v. 88, p. 748-752, 2003.
RINALDI A.E. et al. Dietary factors associated with metabolic syndrome and its components in overweight and obese Brazilian school children: a cross-sectional study. Diabetol Metab Syndr, v.8, n.1, p.58, 2016.
SAHOO K. et al. Childhood obesity: causes and consequences. J Family Med Prim Care., v.4, n.2, p. 187–192. 2015.
SUSAN et al. The Young Child with Severe Obesity: Commentary on the Characteristics of a Vulnerable Population and a Framework for Treatment. Childhood Obesity, v.14, n. 7, 2018.
TUOMI, K. et al. Bacterial lipopolysaccharide, lipopolysaccharide-binding protein, and other inflammatory markers in obesity and after bariatric surgery, v. 14, n. 6, p. 279-88, 2016.
HUANG J. et al. Compliance with behavioral guidelines for diet, physical activity and sedentary behaviors is related to insulin resistance among overweight and obese youth, BMC Res Notes, v.4, p.29, 2011.
Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).
Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ministério da Saúde, Brasil.
Associação Brasileira para o Estudo de Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Disponível em: <http://www.abeso.org.br/noticia/quase-60-dos-brasileiros-estao-acima-do-peso-revela-pesquisa-do-ibge> acesso em 27.09.18.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 – POF. Rio de Janeiro, 2010a.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010b. Disponível em: < https://censo2010.ibge.gov.br/
WORLD OBESITY FEDERATION. World obesity day, 2016.